Graphic designer, ilustrator with a pseudo-artistic vein. I try to earn my living as a freelancer while I depict the world as I see it, always with the hope that some charitable and enlightned soul ( who knows, maybe both) likes my work. There are two things I can´t live without since I was a kid, music and waves. I´m still a kid today with none or little will to grow up. Maybe someday that will happen, but until then, I´ll continue to unveil my world of lines, color and fantasy.
Tuesday, November 17, 2009
Tuesday, November 03, 2009
Friday, September 18, 2009
Saturday, September 12, 2009
Wednesday, August 19, 2009
Sunday, August 16, 2009
Sunday, August 02, 2009
Saturday, July 25, 2009
Tuesday, July 21, 2009
Narcóticos Anónimos
Tuesday, July 07, 2009
So many
E. Y. Harburg
Friday, June 26, 2009
Tuesday, June 09, 2009
Monday, May 18, 2009
Melting Pot
Not to be picked
Ambushed and firmly pushed
Into this and into that
To undress
What is wrapped
To discover
What is trapped
To succeed
On what´s to come
To hear the flow
And touch that glow
That will melt the white
From all the snow
Saturday, May 16, 2009
No need to answer
A set of undeniable true facts
And imagined science fiction
You´re still lost
In that state of blind ambition
Still trying
Gently burning
And slowly dying
While you hear that drum
Neighboring your lung
Continually pounding
Am I alive or finally dead?
Immortalized?
Ficheiros Secretos
Friday, May 08, 2009
Papillon
Wednesday, April 29, 2009
Lista de compras (e é só a primeira)
6 latas polpa de goiaba
4 latas polpa de manga
1,25 litros leite de côco
145 folhas gelatina
43 kg açúcar
5 kg farinha sem fermento
2 embalagens Fermento Royal
5 embalagens açúcar em pó
2 kg frutos vermelhos congelados
1 kg creme de framboesa
3,75 kg amoras silvestres
7 frascos doce de morango
5 frascos doce de framboesa
30 kg manteiga
4,5 kg mascarpone
5 kg queijo creme
52 ovos inteiros
35 litros natas para bater
350 gemas de ovos
300 claras de ovos
1 litro leite
8 iogurtes naturais
3 litros de agua
6,3 kg limão
32 limas
9,5 kg laranja
7 kg Pêra
3 kg morangos
3 kg ananáa
13 mangas
3 kg maças reineta
0,5 kg côco ralado
1 kg côco seco
1 kg amêndoas
0,5 kg nozes
0,3 kg pistachios
0,4 kg mel
0,5 kg bagas
30 pacotes bolacha Maria
5 pacotes Massa filo
28 kg chocolate culinária
1 pacote cacau em pó
1 garrafa agua flor de laranjeira
1 garrafa cointreau
1 garrafa grand marnier
2 embalagens àgua de rosas
1 frasco essência de baunilha
20 vagens baunilha
10 vagens cardamomo
20 pacotes pimenta rosa
0,2 kg canela pó
1 caixa pequena de gengibre
... e as horas de sono a diminuir.
Monday, April 27, 2009
Friday, April 24, 2009
Friday, April 10, 2009
Wednesday, April 08, 2009
Não sei o que escrever...
Tuesday, March 31, 2009
Gossiping
How´s that for devotion?
Sunday, March 29, 2009
Thursday, March 26, 2009
Bom dia
Wednesday, March 25, 2009
Tuesday, March 24, 2009
Monday, March 23, 2009
Sublime "40oz. to Freedom"
Thursday, March 19, 2009
Wednesday, March 18, 2009
..................................................
Tuesday, March 17, 2009
Monday, March 16, 2009
Friday, March 13, 2009
Convite
Thursday, March 12, 2009
Wednesday, March 11, 2009
:(
I blow everything up in a second
By just being careful
Tuesday, March 10, 2009
Aprender a nadar
Monday, March 09, 2009
Sunday, March 08, 2009
Saturday, March 07, 2009
Mexican Moon
Os Concrete Blonde são uma das minhas bandas predilectas desde os tempos em que os meus ouvidos começaram a ouvir por si, na altura da vida em que começava a descobrir o sentido da palavra liberdade. As músicas deste grupo dos subúrbios de Los Angeles eram comuns nas bandas sonoras dos meus primeiros filmes de surf e as suas cassetes, na altura muito difíceis de encontrar, sempre foram presença constante no meu walkman. Podia escrever infinitamente sobre o vozeirão da Johenette Napolitano, que me faz companhia nos mais variados momentos, bons e maus, há mais de quinze anos. Não o vou fazer, nada que escreva será suficiente para descrever o talento da senhora
Deixo a letra da primeira música do primeiro disco da banda datado de 1986 e que sempre que ouço me soa a uma espécie de manifesto. Faço dele o meu.
Well when I've had enough,
I'll get a pick-up truck and I'll drive away.
I'll take my last ten bucks just as far as it will go.
Ahh sometimes I'm easily fooled,
I take a painful step and I get knocked back two.
I do all I can and it's all I can do, but I'm true.
And if I had the choice I'd take the voice I got
Cause it was hard to find.
You know I've come too far to wind up right back where I started.
Ahh they tell me who I should be,
I'll never let the monkeys make a mess of me.
I give all I can and it's all I can do,
But I'm true.
One more sunset
Lay my head down - true
One more sunrise
Open my eyes up - true
And then they talk you up and then they talk you down
And you begin to doubt.
Sometimes the reasons seem so very far away.
Ahh but I'd stop breathing today,
but if I can't walk proud, I'd rather walk away.
I do all I am and it's all I can do,
Oh I'm true.
I'd give all I am and I'd give it to you.
So true.
Friday, March 06, 2009
Tuesday, March 03, 2009
Print Screen
I´m feeling a bit girly
http://www.youtube.com/watch?v=G1A_uSEjTIQ
Saturday, February 28, 2009
Tuesday, February 24, 2009
Carnaval
Monday, February 23, 2009
Porque no me callo
Sunday, February 22, 2009
Versão Domingueiro
O dia estava excelente, as condições de mar e vento bastante favoráveis e a maré-cheia ás duas da tarde foram os motivos que me convenceram a gladiar o batalhão de vagarosos condutores que insistem em circular pela faixa da esquerda, e não sabem que usar os retrovisores e os piscas é tão importante como olhar para a estrada. São estes fanáticos que se apoderam das estradas, vias rápidas e auto-estradas da nossa santa terrinha durante o proclamado dia do Senhor que, por vezes, esgotam a minha infinita paciência e a de qualquer ser com mais de 1/4 de palmo de testa. Apanhei um amigo em sua casa por volta da uma, depois de ter atravessado uma Lisboa praticamente vazia de carros e rumámos em direcção a um aborto urbanístico, chamado Fonte da Telha. O facto de eu e o meu compincha já andarmos nestas lides há muito tempo, permite-nos antecipar os movimentos das alforrecas domingueiras e traçar um plano de ataque. O de hoje foi: uma vez que o domingueiro de pedigree mais apurado só sai de casa depois de encher bem a pança e de bem regar os seus cornos de vinho, se chegássemos por volta da hora do almoço podíamos fazer a maré e arrancar para casa na hora em que o rebanho começasse a chegar em massa para pastar. Por volta da uma e meia chegámos ao nosso destino, depois de uma viagem sem sobressaltos de maior e sem apanhar carros ligeiros a circular à velocidade de tractores. Para quem nunca foi à Fonte (o carinhoso petit nom que usamos quando nos referimos ao acima referido aborto) imaginem uma arriba onde está plantada um misto de favela sul-americana, com bairro de pescadores mais uma catrefada de restaurantes que nunca devem ter ouvido falado da ASAE, muito menos de condições de higiene e aos quais ultimamente se juntaram nos últimos anos uma mão cheia de bares de praia onde se juntam todos os tipos pingarelhos e chelitos da margem sul. O mundialmente conhecido Tarzan Taborda (1935/2005), o wrestler português mais famoso de todos os tempos não deve ter escolhido aquele lugar para montar o seu ginásio e centro de treinos por mero acaso. Naquele enclave, todo ele ilegal, os cães são reis e senhores da esburacada estrada de areia e circulam livremente, sem coleira e ladram que nem uns filhos da puta quando a caravana passa, e não têm qualquer problema em arreganhar o dente a quem ouse passar mais rente ao seu território. Os barracos crescem indiscriminadamente arriba acima que nem cogumelos. Aquela merda é tão feia que ao fim de um tempo começamos a achar aquilo tudo muito querido e pitoresco, com um amoroso toque kistch. A única coisa que salva aquele lugar, e a única razão pela qual eu lá vou é o seu areal de perder de vista e as ondas que por lá rebentam. Há quase uns dez anos, também num domingo passado a surfar na Fonte, depois de sair da água enquanto tirava o meu fato, passou um casal de domingueiros famosos num carro: nem mais nem menos que o ex. Presidente da República Mário Soares acompanhado da sua ilustre esposa Maria Barroso. Até aqui nada de mais, é normal vermos figuras públicas na via pública, o que não é normal é elas verem marmanjos com idade para terem juízo de t-shirt a cobrir o tronco e como vieram ao mundo da cintura para baixo. Aquele momento teve tanto de hilariante como de embaraçoso mas, hoje em dia, quando me lembro só me consigo rir. Espero é que o Marocas e sua saudosa Maria não se tenham ofendido com o meu promíscuo exibicionismo. Hoje, assim que estacionei o carro, apressadamente comecei a olhar para o mar para tentar descortinar um sítio onde pudesse estar sossegado e na minha, longe do pico onde vinte gajos lutavam pelas ondas. Em menos de dois minutos vislumbrei umas esquerdas perto da areia, com força e sem ninguém por perto. Cinco minutos depois de ter parado o carro estava a entrar na água. Duas ondas depois deixei de estar sozinho e quinze minutos depois éramos quase dez: lá se foi o sossego. É normal coisas destas acontecerem: um gajo entrar num sítio e passados poucos minutos ter a companhia indesejada de uma data de amiguinhos que precisam que os outros lhes mostrem onde estão as ondas. Apesar disso não me posso queixar, apanhei o meu quinhão de ondas e sai satisfeito da água quando a maré vazou demais para o pico onde estava e a uma leve nortada se instalou. Desta vez usei toalha para tirar o fato, e depois de vermos que o número de carros estacionados aumentara substancialmente decidimos arrumar as coisinhas e fazermo-nos à estrada. A risota começou quando começámos a subir a única estrada que dá acesso à Fonte da Telha: no nosso sentido não havia trânsito de maior enquanto no outro estava tudo parado desde o alto da arriba até lá abaixo. Deixei de rir assim que apanhei pela frente um anormal a guiar um Fiesta branco que, não sei bem porquê, quase não passou dos 50 numa zona em que podia ir a 90. Talvez o rafeiro de rabo alçado que fazia companhia à besta e lhe babava a chapeleira da mala enjoa se ele circular mais depressa. Fora isso, a viagem de regresso foi rápida, não chamei nomes à mãe de ninguém nem fiz manguitos ao pai de nenhum puto. Não havia trânsito nenhum no garrafão e passadas três horas estava de volta à casa da partida.
Enquanto os meus semelhantes de hoje, os domingueiros, enchiam os acessos de Lisboa no seu regresso a casa eu andei a dar saltos na corda-bamba, tomei banho, fiz a barba, deitei-me na minha rede e alimentei-me. Agora que são quase dez da noite, estou por casa há já umas boas horas e estou quase a acabar mais um texto em que só digo mal. Tenho uns chinelos nos pés que têm tanto de foleiros como de confortáveis e estou calmamente à espera que comece a noite em que são premiados os melhores filmes do ano que passou. Este foi o filme do meu dia. A minha longa-metragem continua já a seguir.
Prémio Gelado na Testa
Friday, February 20, 2009
Wednesday, February 18, 2009
Monday, February 16, 2009
Saudades
Do que já tive e do que já passou, de dar aquilo que tenho sem esperar receber nada em troca, apesar de por vezes receber muito mais do que realmente mereço. Tenho saudades de muita, mesmo muita coisa, mas acima de tudo tenho-as de tudo aquilo que jamais foi meu, daquilo que nunca deixei de querer e da qual sinto a maior falta: isto tudo.
Wednesday, February 11, 2009
Monday, February 09, 2009
Learning to walk
Sunday, February 08, 2009
O meu fim de semana
36 horas de trabalho (em pé)
13 horas de sono
7 idas ao supermercado
3 refeições
12 cafés
... I´m home
Friday, February 06, 2009
Being
Wednesday, February 04, 2009
Tuesday, February 03, 2009
Monday, February 02, 2009
Planet of Freaks
A better view of the moon
My grandmother would like her tea
With a half more sugar spoon
A child cries for a new car toy
While the mother hopes for a distant day of joy
And of a husband that doesn´t act like a boy
Some girls desire to live
On a gothic palace tower
While others would kill
To receive a red flower
Most boys desire to grow into men
One night they´re grown
And in need of a new blade
For the next morning shave
The junkie always wants a better deal from his dealer
That wants better fumes and cheaper mules
A lead singer wants another trip
To ride the snake in a dune
Rock bands sell their souls
To release their most played tune
Every writer pursues more inspiration
To write another page full
And we all wish to sleep until noon
The bumb always needs an extra dime
Criminals one last crime
Whores another sweet ride
Someone please give them back their pride
Smokers at all times need a last drag
From their dying friend
The cigarrete
Alcoholics another round
Of that venom they have found
Some people seek more than one love
Many just want a piece of it
And hope not to lose its grip
Once they have reached the peak
Politicians want more power
Every day many priests pray
To have the most angelical choir
And not to burn in the hell´s fire
Militaries ask for more guns and ammunition
School children parents for lower mortgages and tuition
Lawyers at any cost always want the reason
Some of their clients must hunt one more victim
Because they desperately need to get back to prison
Spies will forever whisper
Extra secrecy...
College graduates will always scream
Civil rights and a job opportunity!
Repressed minorities will always suffer
For their equality
Actors and actresses keep hoping
For an award winning part
Some people always crave
Of one last slice
From that delicious chocolat tart
Warriors will never stop pursuing more glory
And old couples one last breath of their memory
To remember their neverending story
Before becoming ashes at the crematory
As for me
The only thing I want is a clear Sun´s peek
In between all this rain
That´s been pouring for weeks
In this planet of freaks
Saturday, January 31, 2009
Thursday, January 29, 2009
Saturday, January 24, 2009
Não és novo demais para brincar com o karma?
De vez em quando lembro-me da sua existência e faço contas aos anos em que ela me tem feito companhia: são vinte seis. Em algumas dessas vezes paro o que estou a fazer e vou olhar para ela. Paro junto ao espelho e começo por afastar os primeiros cabelos da franja para a ver, percorro-a com os olhos pelo comprimento todo da minha testa. De seguida faço uma curva à esquerda e começo a subir enquanto os meus dedos continuam a ziguezaguear para ir desviando o cabelo que encobre a cicatriz gigante que me preenche a cabeça. Certa altura tenho que parar porque a minha visão não tem potência suficiente para alcançar a parte de trás da minha cabeça, por isso, nunca chego a ver-lhe o fim. Não digo que ela cresceu comigo porque já nasceu grande mas eu certamente cresci com ela, escondida é certo, mas cresci.
Foi nos primeiros meses de 1983 quando aconteceu, num domingo normal na despreocupada vida de uma criança de cinco anos e meio. O meu pai deixou-me ao inicio da tarde numa festa de um amigo, do qual não me recordo do nome e que vivia na Rua da Junqueira. Lembro-me da sua casa e de alguma das divisões desta, de sair dela e me despedir dos anfitriões, de começar a descer as escadas com o meu pai e a minha irmã rumo ao carro. O que nunca contei a ninguém até hoje é que trazia num dos meus bolsos um carrinho que roubei ao meu amigo.
A imagem que se segue sou eu a acordar deitado numa maca e com um mundo inteiro de olhos a olhar para mim. De seguida, entrei numa ambulância. A minha irmã diz que durante a viagem do sitio do acidente até ao hospital eu ria à gargalhada. Adorava lembrar-me desse meu ataque riso compulsivo mas não consigo, a imagem que guardo dessa viagem sou eu deitado na maca a olhar para cima e ver a Rita ao colo do meu pai, vestido com um loden verde até aos pés a dizer ao condutor para se despachar. Depois disso lembro-me de passar a noite deitado a ver todo de baixo para cima e de me raparem o cabelo para me poderem voltar a colocar o escalpe. Devido ao perigo de hemorragias internas mantiveram-me acordado durante todo o tempo que o cirurgião precisou para cozer os mais de cento e quinze pontos (deixaram de contar a partir daí) que foram precisos para voltar a fechar a minha cabeça. Durante todas essas horas fui conversando com a minha mãe (que não largou a minha mão durante um único segundo) e com o médico ao mesmo tempo que este me cozia. Lembro-me de acordar no dia seguinte na cama da minha irmã e ver um dia de céu azul pela janela, de estar radiante por ter no meu pulso uma pulseira do hospital com o meu nome (não sei porquê achei piada aquela merda). Acima de tudo, lembro-me do olhar aliviado dos meus pais por terem acordado daquele pesadelo e verem que apesar daqueles pontos todos que me preenchiam a cabeça eu continuava igual ao que sempre fora. Outras duas cenas desse episódio que também me ficaram gravadas na memória foram: a enfadonha e demorada tarde em que me tiraram os pontos e a manhã em que voltei à escola. O regresso às aulas foi algo estranho, cheguei à sala de aula e já estavam todos sentados e eu por breves instantes fiquei em pé diante de mais de duas dezenas de crianças enquanto estas me contemplavam num misto de olhares assustados e desconfiados, provavelmente a perguntando eu ainda seria como eles enquanto inspecionavam a cicatriz monstra que me preenchia a cabeça. Depois disso voltei para o meu lugar na sala de aula da Eduarda e voltei a misturar-me com os outros, o meu cabelo voltou a crescer, muito rápido como hoje em dia, e escondeu esta minha enorme marca. Ficou apenas visível uma cicatriz pequena ( neste caso pequena é subjectivo) junto à minha sobrancelha esquerda que eu achava imensa piada porque era, e obviamente continua a ser, um J invertido. Fui acompanhado frequentemente durante os dois anos que se seguiram por dores de cabeça e que felizmente desapareceram. Acho que tive uma sorte incrível por não ter ficado desfigurado e da cicatriz ser imperceptível para quem não sabe que a tenho. O carro em que seguíamos ficou totalmente destruído e eu fui o único que teve ferimentos graves. Os pontos da minha irmã e do meu pai somados correspondiam apenas ao pontos do meu J invertido; a minha cicatriz pequena. Até hoje guardo outra imagem na minha memória vista de uma posição diferente das outras: não de baixo para cima mas de cima para baixo. Os meus olhos alguns metros acima do chão observando-me e olhando para o meu corpo e o da minha irmã a dormir profundamente no banco do carro. Até hoje não sei de onde me vem essa imagem; se a sonhei ou se o meu espírito chegou mesmo a sair do meu corpo. Não sei mesmo.
Lembrei-me de escrever sobre esta memória algo cinzenta da minha vida não por estar de mal com ela, porque estou longe de estar, mas apenas porque esta manhã voltei a afastar os meus cabelos para espreitar a minha cicatriz com mais de um palmo de comprimento e cheia de curvas e contra-curvas e tive vontade de contar esta pequena parte da minha história de vida. Às vezes, e por acreditar nessas coisas, penso se tudo isso que me aconteceu não terá sido mau karma da minha parte. Talvez se eu não tivesse desfalcado a garagem de carrinhos do meu amigo, se não me tivesse apoderado do que era seu nada daquilo me teria acontecido; aquele camião sem reflectores não estaria estacionado onde estava, não nos teríamos enfaixado na sua traseira e eu não teria uma boa história para contar, é que, a brincar a brincar aprende-se a conduzir a sério. A história da minha vida, essa ainda tem que ser vivida...