Wednesday, March 24, 2010

Procura-se

Não usa camisa branca de seda nas noites quentes de Agosto. Desconhece o toque da caxemira ou o peso de um casaco em cima ombros nos dias mais frios. Nunca estreou um vestido ou umas calças. Não se calça. Jamais tirou sapatos novos de caixas. Muito menos fez laços em velhos. Ou nós de gravata. Não conhece o cheiro dos perfumes franceses. Nunca ouviu falar em relógios. Vê as horas pelos astros mas sabe que de pouco lhe serve o tempo. Sabe que este nunca afrouxa a fivela do cinto. Que aperta sempre mais. Que não espera por ninguém. Que não pára por nada. Nunca trocou de roupa interior porque não a usa. Suja ou limpa. Não sabe o que isso é. Caminha sem se preocupar como é vista através dos óculos escuros de outros. Disfarçadamente vestidos. Ela não usa trajes. Anda apenas nua. Caminha altiva. Por vezes arrogante sem saber até onde vai.Despreocupadamente vestida na sua cor. Chama-se Alma. Desapareceu de casa dos seus pais.

Monday, March 22, 2010

Aren´t we all?


Bryson: Could you define the word paranoiac?

Dali: The name is paranoiac critical method: one spontaneous method of knowledge based in the instantaneous association of delirious material: everything [that] appear[s] in my life, delirious, antagonistic, impossible [all] pushed together. My method instantaneously creates these miracles. Two completely different kinds of imagination"

Tuesday, March 16, 2010

Cantador de Histórias



Desde pequeno que estou familiarizado com a voz deste senhor, já que sempre foi um dos músicos preferidos da minha mãe. A verdade é que a música e a sua voz inconfundível são apenas a ponta do icebergue no que refere à obra deste canadiano de Montreal. Leonard Cohen é quase o homem dos sete ofícios: canta, compõe, escreve (sendo tanto novelista como poeta), faz algumas ilustrações e ainda arranjou maneira de viver num mosteiro budista durante vários anos, onde foi ordenado monge, tendo recebido o nome Dharma de Jikan (silencioso).
Tenho ouvido repetidamente o seu "Essential" de 2002, um disco duplo que agrupa as melhores composições do artista, dos "primeiros" vinte e cinco anos da sua música. Não adianta sublinhar nenhuma música porque todas, sem excepção, têm muito para contar e de tudo para dizer nas suas letras. Fazem-nos pensar e deixam-nos a tentar imaginar como será a vida vista pelos olhos deste homem pensador. Para mim, que hoje em dia leio pouco (tenho o vicio dos visuais) e não sou grande conversador tanto me parece que estou a ler um livro ao mesmo tempo que tenho uma conversa com ele.
A ilustração acima colocada é uma espécie de homenagem não só ao homem lá representado, este sobre quem acabei de escrever, mas também a todas as pessoas que me inspiram. Sejam elas os meus pais por terem bom ouvido, os Arctic Monkeys ou um qualquer compositor de psy chill, tanto podem ser pintores surrealistas famosos ou ilustradores desconhecidos, amigos, fotógrafos, realizadores e por diante. Haja ou que houver, aconteça o o que acontecer haverá sempre pessoas que me vão ajudar a abrir os olhos para vida.

Thursday, March 11, 2010

Número 0

Já ando a tentar escrever algo decente há uns meses. Não que não me apeteça mas pura e simplesmente não consigo. Ainda ontem abri o Word, pus a data e a hora e fiquei a olhar durante uns minutos para uma página em branco enquanto o cursor piscava, com os dedos a queimarem de vontade e o raciocino congelado. Ás vezes tenho a sensação de estar num coma induzido.
Fico fodido, porque há uns tempos atrás até escrevi umas merdas interessantes: algumas com piada, outras mais sérias e várias sujas pelo carvão. Quando estou longe sei as piadas que quero escrever, que histórias contar ou que pensamentos carregados a negrito relatar, mas quando aqui chego…zero. Nada sai.

Talvez isto que escrevi agora tenha sido o desentupir do cano.

Tuesday, March 02, 2010

Traffic Doodles


Visto perder todas as manhãs, em média 45 minutos de vida no trânsito, achei por bem arranjar um sketchbook de bolso. Assim vou-me entretendo enquanto inalo o monóxido de carbono dos outros... e o meu.