Thursday, October 09, 2008

This is not a suicide letter.

Aqui deito-me mais cedo do que quando estou em Lisboa, não me deixo perder nem perco horas à espera que algo aconteça, não perpetuo nem estico o serão, quando o sono chega deito-me. Aqui os horários não são ditados pelos ponteiros do relógio mas pela tabela das marés e pelas horas mortas de vento. Acordo cedo. Quando aqui ¬ estou tenho o hábito de tomar o pequeno-almoço numa mesa de pedra com vista lá para fora. Depois de bebido o café saio de casa e vou ver o que é que a praia anda a fazer. Umas vezes fico logo na primeira que vejo, noutras faço mais de uma hora de viagem e muitas vezes, como quem atravessa a mesma rua todos os dias, passo do Alentejo para o Algarve. Passo por casa de amigos a ver se anda por lá alguém e acabo por ficar para o almoço, para uma conversa e mais um copo de tinto. Despeço-me e guio mais um bocado até outra praia, mais pequena, melhor protegida do vento e sobretudo escondida de tudo e de todos. Lá, encontro-me com outros amigos, deixamo-nos ficar, dormimos por lá duas noites e esprememos até à ùltima os raios de Sol, ainda quentes, de principio de Outubro. Dias, pasme-se, sem vento com o mar sem qualquer textura e água transparente. Aqui, rio-me quando ouço nos informativos de trânsito que os acessos à ponte estão preenchidos ou que a Segunda Circular está entupida da saída do Eixo Norte-Sul até ao Campo Grande. Por aqui não há nada disso, talvez um ou outro mata-velhos mais vagaroso ou um camião carregado de cortiça na subida depois de Odeceixe. Volto a casa e vejo as notícias; que se perderam 101 mil milhões de euros em apenas um dia na Bolsa de Lisboa e que o mundo vai, aos poucos, abrindo falência. Aqui nada disso faz muito sentido, assim como não deve fazer sentido este texto que comecei a escrever à quase uma semana e que não sei como acabar. É que afinal de contas está tudo mesma. Amanhã vou para aí, seja lá onde isso for.

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