Graphic designer, ilustrator with a pseudo-artistic vein. I try to earn my living as a freelancer while I depict the world as I see it, always with the hope that some charitable and enlightned soul ( who knows, maybe both) likes my work. There are two things I can´t live without since I was a kid, music and waves. I´m still a kid today with none or little will to grow up. Maybe someday that will happen, but until then, I´ll continue to unveil my world of lines, color and fantasy.
Wednesday, December 31, 2008
Saturday, December 27, 2008
Wednesday, December 24, 2008
San Francisco...on acid
Todas as maneiras são boas para chegar a esta cidade do Norte da Califórnia. Eu cheguei lá das mais diferentes maneiras e distintas companhias: de carro com amigos, de avião acompanhado da figura paternal ou sozinho de comboio. Fiquei nos mais variados sítios: tanto nos melhores hotéis de Downtown como nos piores móteis de Ocean Beach, em grandes lofts de amigos e em pequenos quartos de amigas. San Francisco é de todas as cidades que conheço dos Estado Unidos, e só das principais são mais de dez, de longe a minha preferida. Tem ofertas para todas as ondas e um rol infinito de coisas para fazer. Tem a classe e requinte de New York sem ser claustrofóbica e congestionada como esta, e em vez de New Jersey na outra margem do Hudson tem Berkeley do outro lado da baía. Não é atingida em larga escala pela futilidade gratuita omnipresente em San Diego e Los Angeles, suas irmãs do Sul do Estado. Para estas fica a perder em relação ao clima e ao estilo de vida de praia, surf e sol mas a sua diversidade de oferta em sítios para ir e coisas para fazer compensa largamente a água gélida e pejada de tubarões ou o peso extra do blusão nos seus inúmeros dias de nevoeiro. Adicione-se ao acima referido uma forte e actual componente artística e cultural, os ideais de paz e liberdade de hippies dos sete aos setenta, a abertura de espírito de gays de todos os tamanhos, sexos e feitios, a maior e mais antiga Chinatown da América do Norte e que alberga a maior comunidade chinesa fora da Ásia assim como a maior das únicas três Japantown dos Estados Unidos e pode-se ter uma pequena idéia de tudo o que SF tem para oferecer. Sem puxar muito pela cabeça consigo lembrar-me uma catrefada de programas que por lá fiz: duas Love Parade, vários after hours no End Up, surfadas em OB, jantares de grupo em Chinatown ou no Fisherman´s Wharf, almoços de de sushi num dos muitos restaurantes japoneses, festivais de música no Golden Gate Park ou futeboladas nos relvados do mesmo, bebedeiras em Irish pubs e mocas de erva em bares do Haight, vernissages de artistas da moda, passeios a pé pelo Presídio ou de eléctrico por uma das suas quarenta e três colinas, festinhas psicadélicas em caves, cocktails em últimos andares de arranha-céus, entre muitas e coloridas coisas. Se eu soubesse o que sei hoje teria ido viver para San Francisco em vez de San Diego aquando da minha aventura em terras do Tio Sam. O problema com esta cidade não é chegar mas sim sair de lá. Eu já lá cheguei e de lá saí muitas vezes sem nunca me fartar e sempre a descobrir coisas novas em cada visita. Escrito isto garanto-vos uma coisa: hei-de lá voltar um dia. Agora deixem começar o Natal.
Monday, December 22, 2008
Tuesday, December 16, 2008
Carta de (re)Apresentação
“Tu e o Pi durante estes nove dias só vão fazer sobremesas”
Foi com esta frase ouvida em Março deste ano, em vésperas de um evento desportivo conhecido da nossa praça que a minha vida profissional começou a mudar de rumo. Antes desse evento já tinha trabalhado em cozinhas, cheguei mesmo a fazer um estágio de 3 meses na cozinha de um dos melhores hotéis de Lisboa há mais de dez anos, no fim do primeiro ano de Gestão Hoteleira e nos primórdios da minha experiência universitária. Findo esse longínquo e esgotante Verão de trabalho decidi que cozinhas, hotéis e afins não eram para mim. Desisti do curso acima referido nos primeiros meses do segundo ano. Nem eu sonhava na altura que esses três meses “perdidos” de Verão, com uma passagem de duas semanas pela pastelaria, me iriam ajudar numa fase mais ou menos adulta da minha vida: esta em que vivo e estou agora, o presente e o dia de amanhã.
Antes desse evento já tinha trabalhado com amigos em caterings e até mesmo feito uns bolos aqui e ali. No momento em que me disseram essa frase reparei que o problema não seria fazer as sobremesas, mas sim, fazê-las para o número de pessoas que supostamente as iriam comer, à volta de trezentas, todos os dias durante nove. Não só teria que aprender a fazer a longa de lista de sobremesas “in location and with a tight schedule”, como as teríamos que produzir ao frenético ritmo de uma linha de montagem de uma qualquer fábrica chinesa. Trocados por miúdos, tinha que me transformar de aprendiz em mestre pasteleiro em menos de um ápice. O problema é que eu nem o Pi sabíamos o quer que fosse de pastelaria, à excepção de saber fazer o já mencionado bolo de chocolate ao que se juntavam também brigadeiros. Nunca tinha feito um cheesecake, não sabia que aos dois pacotes de bolacha maria moída se juntam 175g de manteiga derretida, não fazia a miníma ideia que depois essa base ia ao forno pré-aquecido a 175ºC durantes 10 minutos. Jamais tinha derretido gelatina para juntar às mousses, nem tão pouco sabia que tinha que o fazer com um pouco de água porque senão aquela treta agarra-se toda ao funda panela. E também não fazia a mínima idéia que as natas para bater só levantam se estiverem bem frias, e que as tinha de esconder da Dona Fátima porque senão ela não teria qualquer problema em nos esgotar o stock para usar no seu bacalhau com natas. Posso dizer-vos que menos de um ápice, neste caso particular, foram dois longos e penosos dias em que os cheesecakes se desmoronavam, em que as mousses não passavam de líquidos sem qualquer tipo de consistência e em que os bolos de chocolate não desgrudavam do fundo da forma. Como nós costumamos dizer: foram dois dias no lodo. Eu e o Pi enfiados até ao pescoço num pântano de natas, açúcar, chocolate e mais uma data de merdas doces e pegajosas a tentar ao mesmo tempo empratar os bolos que tinham que sair para a sala, preparar mais para serem feitos e não deixar queimar os que estavam no forno. Junte-se a isto tudo uma boa dose minha desorganização e da javardice do Pi, assim como a necessidade de manter a nossa área de trabalho limpa e conseguem ter uma noção do cenário de guerra onde estávamos metidos: muito fundo na mais profunda, suja e pegajosa trincheira. Passados esses dias iniciais a coisa lá se compôs e o começámos a carburar melhor, produzindo à volta de trinta bolos e tartes por dia e ainda mais umas litradas de mousses em que se incluí uma horrível e falhada experiência de mousse de jaca. Conseguimos arranjar método de trabalho e de limpeza para superar a prova com distinção e chegar ao fim dos dias com bolos em stock para o dia seguinte. Os últimos dias de navegação foram bastante mais tranquilos e a secção da pastelaria foi rotulada de maníaca devido às doses cavalares de doces que produzia.
O segundo grande evento foi em Setembro em Portimão. Quer dizer, não foi um mas sim dois eventos de penalty: 5 dias de preparação e montagem, 9 dias de evento (regatas de barcos à vela), 2 dias de intervalo, 3 dias de preparação e 5 de evento (regatas de barcos a motor). Antes de desenvolver mais este assunto convém sublinhar uma coisa: os gajos da vela comem que nem animais. Nós tínhamos que alimentar uma manada com uma média de mil estomâgos por dia, mais coisa menos coisa. Estômagos esses que eram grandes e vorazes e que não faziam qualquer tipo de cerimónia quando o assunto se referia a desmontar saborosa comidinha a um ritmo galopante. O problema inicial era não só o número de pessoas a alimentar mas também as diferentes frentes de batalha em que estávamos envolvidos. Ora então vejamos: pequeno almoço para Vip´s, catering para barcos de patrocinadores e organização, almoço de staff (buffet), cocktail para Vip´s e jantar de staff (buffet), todos os dias a que se juntam dois jantares para 500 no fim de cada evento. Eu que tive uma abençoada cunha que me livrou da tropa, considero este mês de Setembro como o meu mês de recruta. Fomos verdadeiras e letais máquinas de guerra movidas a cafeína e taurina (Red Bull) e treinadas para produzir comida para um exército de porcos. Dormíamos uma média de 4 horas por dia, trabalhávamos para lá de sol a sol ao melhor estilo escravatura colonial. A única diferença era que éramos remunerados e bem para exercer as nossas funções. O Pi e eu chegámos inclusivamente a fazer uma directa porque não tínhamos nada em stock para o dia seguinte. Só nessa noite fizemos à volta de 25 bolos, 10 litros de Pana Cotta, 10 litros de mousse de framboesa e cozemos 160 chapatas. Agora imaginem dois obcecados alunicados, às 4 da manhã a passar essa mesma mousse para mangas de pasteleiro e depois a tentar fechá-las. Nessa longa noite e depois de uma escorregadela por pouco o meu “partner in crime” não me furou de um lado ao outro com a faca com a lâmina mais comprida da cozinha, a do presunto. Testemunhei ainda uma cena hilariante nessa mesma noite enquanto fumava um cigarro na rua: um imponente segurança que se deslocava num Segway (aquelas merdas de look sci-fi que rolam por ai), quando me vinha interpelar para saber o que eu fazia ali a tão avançada hora da noite não reparou no grelhador de metal que estava no chão e mandou um baldo voador e de proporções dantescas vindo aterrar, literalmente, a meus pés. Se eu quisesse tinha-lhe apagado a beata na testa mas achei que a enorme queda já tinha sido, por si só, suficientemente humilhante. Escusado será dizer que depois daquilo a autoridade do rapaz ficou como ele: rente ao chão e estilhaçada. De uma forma geral a vida da secção da pastelaria foi “tranquila” e nunca faltaram os docinhos para os nossos leitõezinhos. Só fazíamos doses de oito ou mais bolos ao mesmo tempo, ou seja, as doses são em quilos e não em gramas. Não queimei nenhum bolo e fazia facilmente mais de quarenta por dia, à excepção de 4 bases de bolacha que estorricaram não por minha culpa mas porque o cabrão do forno tinha o termostato avariado. Não houve cheesecakes a ruir nem mousses liquidas. Aprendi a fazer mais uma data de doces que ainda não tinha feito e aprimorei-me a fazer os que já sabia. Foram semanas extenuantes e muito stressantes, que culminaram no último dia quando se abateu um tempestade de dimensões megalómanas in fucking Hellgarve, não permitindo a realização das regatas previstas para esse dia. Long story short: os meninos ficaram o dia todo na tenda a enfardar comidinha enquanto a cozinha ia metendo água. Foi horrível...
Agora perguntam vocês: “Como é que um gajo que se apresenta como designer gráfico e ilustrador acaba a fazer bolos?”
Tive que arranjar uma maneira de ganhar a vida porque não tinha paciência para lidar com briefings e/ou clientes, nunca gostei de fazer os chamados trabalhos corporativos e muito sinceramente, nunca quis ser maquetista. Consegui assim preservar o pouco que me resta de sanidade e a minha criatividade, que ultimamente tem andado na mó de baixo, para em termos de design gráfico e ilustrações fazer só o que me dá na real telha. Ganho a vida de uma maneira original e ganho muito melhor do que quando fazia BTL no departamente de design gráfico da Leo Burnett ou quando fazia pós-produção de fotografia num estúdio de imagem. Consigo ter tempo para mim, para fazer o que realmente gosto e gosto de fazer o que me dá dinheiro. Às vezes não tenho muita paciência mas também são raras as pessoas que a têm todos os dias para o seu trabalho. Muito sinceramente não acho difícil fazer bolos e produzir os mesmos em quantidades astronómicas, apenas sigo as receitas e as intrucções que vêm com elas, mas talvez tenha jeitinho para a coisa. Não me considero pasteleiro porque respeito muito essa profissão, já que para o ser a sério é preciso perceber muito da coisa e eu só ando nesta vida há menos de um ano. Nunca fiz um palmier na vida, nem tão pouco sei a receita, mas pelo aspecto da coisa não deve ser muito difícil. Também nunca fiz pastéis de nata, o meu doce preferido, mas é uma questão de passar uma tarde debruçado a lambuzar sobre o assunto. Já não sou designer gráfico freelancer. Sou apenas e só, um tipo que gosta de fazer umas bonecadas e escrever umas parvoeiras de vez em quando e que para muitos não fazem sentido, mas que para mim fazem todo. Repito, não sou pasteleiro mas sim um gajo porreiro que vai ganhando a vida a fazer bolachas, bolos e docinhos. Como é Natal aceitam-se encomendas de bolo-rei. O meu nome é João.
:)
Sunday, December 14, 2008
Saturday, December 13, 2008
Thursday, December 11, 2008
Monday, December 08, 2008
Ponto da situação no deserto das ideias
O cenário é o seguinte: estou sentado numa cadeira a obrigar-me a escrever mais um texto de merda e mal pontuado, não tenho vontade alguma de pegar num lápis para desenhar ou de abrir o Photoshop para manipular imagens ou cortar cabecinhas de meninas. Há já algum tempo que não faço nada, não que não queira mas porque de há umas semanas para cá a minha inspiração virou a esquina e desapareceu sem dar notícias e sem deixar rasto. Para provar o que escrevi posso dizer que o desenho que postei ontem neste blog não é recente; foi feito há quase dois meses e nem sequer era suposto ser tornado público, apenas pensei que talvez algum dos poucos fiéis visitantes achasse piada à coisa, ou que com sorte a percebesse. Talvez tivesse sido melhor, mais seguro e doce, mas seguramente menos original, ter posto a fotografia de um qualquer bolo dos milhares que já fiz ou empregar a palavra usada todos os anos e repetida por todos. Não o fiz, decidi cagar nas susceptibilidades e nas interpretações que vocês, seres raros e em vias de extinção que visitam o meu espaço quiserem fazer. Nem mesmo o último texto que escrevi faz muito sentido: é sobre uma banda que canta numa língua que quase ninguém percebe e muito menos falam e que mesmo assim tem um álbum da sua discografia gravado numa outra língua que não existe. Para atestar e ilustrar ainda melhor o triste estado da coisa resta-me dizer que já não entro na água do mar há mais de duas semanas. Neste aspecto à falta de vontade junta-se mais um conjunto de razões: afazeres profissionais, mau tempo, mais afazeres profissionais e ainda pior tempo. E só de pensar que ainda o Inverno ainda nem sequer chegou...
Segunda descrição de cenário (quase uma hora depois): Continuo sentado na mesma cadeira e na mesma sala desarrumada, a ouvir os velhos mas sempre intemporais Simon & Garfunkel e a escrever as últimas linhas de mais um texto de merda e mal pontuado e a tentar decidir o que fazer hoje. Não vai ser fácil uma vez que não me apetece escrever nem desenhar e a minha vontade de ir até à praia continua inferior ou igual a zero. Acho que vou começar por um duche para esfregar e ver se me vejo lavado deste meu mau feitio. Depois talvez vá procurar inspiração...
Sunday, December 07, 2008
Wednesday, December 03, 2008
Sigur Rós ( )
Não é fácil escrever quando não se percebe nada do que é dito, ou neste caso, cantado. Para percebemos o que esta banda diz, ou falamos islandês, ou somos levados a pôr o significado que queremos nas palavras que saem em falsete da boca do vocalista Jón Þór Birgisson. Mesmo que falemos esse idioma estranho não é garantido absoluta compreensão de todos os álbuns da banda, uma vez que no de 2002 intitulado apenas ( ) os vocais foram gravados em Volenska, (Esperancês em Português), uma linguagem composta por sílabas sem sentido com a fonologia bastante parecida com a do Islandês e criada pelo próprio vocalista. Somos convidados pela banda a escrever das nossas interpretações das músicas no encarte de doze páginas em branco que acompanha o cd. Talvez não seja coincidência o facto do baixista deste quarteto de Reykjaik, ter afirmado numa entrevista, que a banda da qual fazia parte não ter nenhuma motivação política nem mesmo muito para dizer, há excepção de os seus membros quererem comunicar “apenas” emoções através do seus instrumentos. Depois de ouvido o disco concluímos que compreedemos exactamente aquilo que a banda nos quer transmitir (escrevo por mim e mais ninguém), quer gostemos quer não do seu som (que não é para todos) ou mesmo que não consigamos entender as palavras lá cantadas. É um disco imperdível e compreensível somente para aqueles que o querem perceber.
1ª lição de Islandês: Como convidar uma "miúda" para tomar café.
Gera þú vilja til ráðast á a kaffi?
Friday, November 28, 2008
Thursday, November 27, 2008
UPS
-UPS bom dia! (voz feminina)
-Bom dia. Queria enviar um volume para a zona de Sintra, só há um pequeno problema, é muito frágil. É uma moldura em caixa tem que se muito bem embalada porque tenho medo que se parta. Vocês têm caixas de cartão e aquelas bolinhas de plástico para acondicionar bem a mercadoria?
-Temos sim.
-Posso então passar aí para a enviar?
-Pode sim, mas não se esqueça que tem que enviar antes das seis da tarde para que a encomenda siga ainda hoje.
-Não há problema, agora são quase meio-dia, vou sair de casa assim que desligar. Obrigado e até já.
-De nada. Até já!
E lá fui eu, rumo ao Prior-Velho, ainda deu umas quantas voltas à pista porque não dava com a merda da rua, mas cheguei lá por volta da uma.
-Boa tarde, quero enviar isto.
Agora era um gajo que me estava a atender e com cara de quem tinha sido mal acordado.
-Boa tarde. Hmmmm... Não sei, isso tem um ar muito frágil, não temos nada para fazer o transporte nas devidas condições.
Mas eu telefonei para cá há meia hora, falei com uma colega sua que me disse que tinham maneira de proteger devidamente a moldura. Não têm caixas de cartão nem plástico às bolinhas?
-Não temos nada disso, só temos estes sacos.
-Sabe, vivi cinco anos fora e no pais onde vivia lembro-me de ver publicidade vossa em que diziam que até crocodilos transportavam e agora você está a dizer-me que não asseguram o transporte em segurança de uma merda de uma moldura? Acho ridículo e ainda para mais dão informações erradas às pessoas. Deixe estar eu próprio a vou entregar. Obrigado por me terem feito atravessar a cidade toda e ainda por cima na direcção contrária para onde era suposto.
E lá fui eu...
-Bom dia. Queria enviar um volume para a zona de Sintra, só há um pequeno problema, é muito frágil. É uma moldura em caixa tem que se muito bem embalada porque tenho medo que se parta. Vocês têm caixas de cartão e aquelas bolinhas de plástico para acondicionar bem a mercadoria?
-Temos sim.
-Posso então passar aí para a enviar?
-Pode sim, mas não se esqueça que tem que enviar antes das seis da tarde para que a encomenda siga ainda hoje.
-Não há problema, agora são quase meio-dia, vou sair de casa assim que desligar. Obrigado e até já.
-De nada. Até já!
E lá fui eu, rumo ao Prior-Velho, ainda deu umas quantas voltas à pista porque não dava com a merda da rua, mas cheguei lá por volta da uma.
-Boa tarde, quero enviar isto.
Agora era um gajo que me estava a atender e com cara de quem tinha sido mal acordado.
-Boa tarde. Hmmmm... Não sei, isso tem um ar muito frágil, não temos nada para fazer o transporte nas devidas condições.
Mas eu telefonei para cá há meia hora, falei com uma colega sua que me disse que tinham maneira de proteger devidamente a moldura. Não têm caixas de cartão nem plástico às bolinhas?
-Não temos nada disso, só temos estes sacos.
-Sabe, vivi cinco anos fora e no pais onde vivia lembro-me de ver publicidade vossa em que diziam que até crocodilos transportavam e agora você está a dizer-me que não asseguram o transporte em segurança de uma merda de uma moldura? Acho ridículo e ainda para mais dão informações erradas às pessoas. Deixe estar eu próprio a vou entregar. Obrigado por me terem feito atravessar a cidade toda e ainda por cima na direcção contrária para onde era suposto.
E lá fui eu...
Tuesday, November 25, 2008
Sunday, November 23, 2008
Questions on my head
Where do we go from here?
Are we actually going somewhere?
Is there life outside this box?
... and I mean as humans not avatars.
Are we actually going somewhere?
Is there life outside this box?
... and I mean as humans not avatars.
Thursday, November 20, 2008
Musical Charade
Aqui vai a resposta ao desafio lançado pela Lato Nero, responder a 10 perguntas sobre a minha pessoa usando nomes de músicas de uma só banda. Escolhi uma das minhas bandas preferidas desde o liceu, os Pixies.
1) És homem ou mulher? Mr. Grieves
2) Descreve-te: Where Is My Mind
3) O que as pessoas acham de ti? Blown Away
4) Como descreves o teu último relacionamento: Make Believe
5) Descreve o estado actual da tua relação: Is She Weird
6) Onde querias estar agora? Planet Of Sound
7) O que pensas a respeito do amor? Levitate Me
8) Como é a tua vida? Dig For Fire
9) O que pedirias se pudesses ter só um desejo? The Happening
10) Escreve uma frase sábia: I´ve Been Waiting For You
A foto que escolho (tb faz parte do desafio)é a do post abaixo. Sou mesmo eu e para além disso é bastante representativa da minha pessoa. Sorte, porque senão punha a da minha carta de condução que é de fugir.
1) És homem ou mulher? Mr. Grieves
2) Descreve-te: Where Is My Mind
3) O que as pessoas acham de ti? Blown Away
4) Como descreves o teu último relacionamento: Make Believe
5) Descreve o estado actual da tua relação: Is She Weird
6) Onde querias estar agora? Planet Of Sound
7) O que pensas a respeito do amor? Levitate Me
8) Como é a tua vida? Dig For Fire
9) O que pedirias se pudesses ter só um desejo? The Happening
10) Escreve uma frase sábia: I´ve Been Waiting For You
A foto que escolho (tb faz parte do desafio)é a do post abaixo. Sou mesmo eu e para além disso é bastante representativa da minha pessoa. Sorte, porque senão punha a da minha carta de condução que é de fugir.
Tuesday, November 18, 2008
Páginas
- És feliz? - perguntou-me ela no último mês de Julho enquanto estávamos deitados na minha cama e a dividíamos pela terceira vez. Fiquei calado, a pensar na resposta aquela pergunta que já tinha feito a mim mesmo milhares de vezes durante esta minha existência e para qual nunca tinha conseguido obter qualquer resposta, nem mesmo uma incompleta.
- Parece que estás sempre noutra, às vezes acho que é só o teu corpo que aqui está comigo, é como se a tua alma andasse lá por fora a deambular. Parece-me sempre que tens alguma coisa entalada aí dentro para pôr cá fora. Basta olhar para as coisas que fazes, parece que têm sempre alguma mensagem que só tu entendes e mais ninguém percebe. Acho que devias partilhar mais, expor mais o que se passa aí dentro. Nota-se que tens muito para dar mas que não o queres fazer e é pena: para mim, para ti e para todas as outras pessoas que te querem conhecer e tu não deixas. Mostras só a capa do livro, nunca te abres, nunca viras as tuas páginas. – acrescentou ela enquanto eu continuava deitado a olhar para os contornos escuros do meu quarto e suas mensagens escondidas, ao mesmo tempo que matutava na questão que ela me tinha colocado
- Às vezes sou feliz. – respondi-lhe secamente.
- Isso é um bocado vago como o são todas as tuas respostas a perguntas dirigidas a esse teu mundo pessoal e íntimo que tu tanto prezas e defendes não deixando ninguém aproximar-se dele. Esse teu mundo de fantasia é muito bonito mas é só teu, nunca o partilhas com ninguém a não ser tu mesmo – replicou ela ligeiramente irritada.
Depois de alguns minutos de silêncio disse-lhe: - Sabes, não me considero uma pessoa especialmente feliz, pelo menos não sou daquelas que irradiam felicidade por todos os poros. Nunca fui aquela criança que corre pela casa aos gritos e aos saltos, ficava horas a brincar sozinho muito sossegado no meu quarto a fazer montanhas e grutas com os meus anoracks ou a fazer corridas de calendários de pilotos de Fórmula 1. Sempre gostei de fazer coisas sozinho, talvez seja mesmo um bocado solitário e uma pessoa melancólica e nostálgica. Desde miúdo que gosto de sonhar, imaginar e idealizar coisas que muitas vezes são impossíveis ou muito difíceis de se concretizarem logo e como consequência espeto-me uma data de vezes. Já estou habituado a esses estouros mas quando algo corre bem e como quero sou feliz, como também o sou quando acabo um desenho que gosto ou quando escrevo alguma coisa que soa bem quando a acabo de ler por mais triste que sejam as palavras lá escritas. Já me disseram várias vezes que tenho uma atracção pelo abismo, começo a achar que é verdade e talvez por isso não viva todos os dias feliz mas também não me considero um ser infeliz, longe disso, há tantas coisas que me dão alegria e não são só as coisas do meu mundo mas também deste em que vivemos eu, tu e todos os outros que tu dizes que me querem conhecer mas a quem se calhar eu não me quero apresentar. Já tinhas pensado nisso desta maneira? - contra ataquei eu.
- Não, não tinha. – respondeu ela baixo num tom doce mas levemente triste e logo acrescentou: - Tenho pena que tenhas tanta dificuldade em te abrir comigo, a te apresentares ou a mostrar-me esse teu lado escondido porque gosto muito de ti.
- Eu também gosto de ti mas há coisas que se calhar eu não quero partilhar com ninguém, ou pelo menos para já. – finalizei eu. A conversa acabou assim, tão depressa como tinha começado, adormecemos. Era verdade, eu também gostava dela mas não o suficiente para me fazer sair detrás dos arbustos e me expor. Foi a última vez que dormimos juntos e nos vimos, ela entretanto em Agosto partiu e foi viajar por esse mundo fora para longe deste rectângulo onde estamos plantados. Ainda falámos ao telefone umas vezes, ela mandou-me umas mensagens antes da sua partida às quais não respondi. Não me apetecia estar com ela nem que ela me confrontasse com as dualidades da minha vida. Tinha-me também desinteressado pelo interesse dela em mim e não queria de modo algum mostrar-lhe mais do que já tinha mostrado. Ela merecia estar com alguém que realmente quisesse abrir o seu livro, partilhá-lo, e eu estava longe de lhe conseguir proporcionar isso. Hoje de manhã quando acordei lembrei-me daquela pergunta que ela me fez na última noite que estivemos juntos. Abri os olhos como ela perguntou se eu era, olhei para a minha mesa que exibe uma pintura muito longe estar acabada e na qual não toco há uma semana, fechei o meu livro que jazia em cima dela, saí para a rua e fui viver feliz.
- Parece que estás sempre noutra, às vezes acho que é só o teu corpo que aqui está comigo, é como se a tua alma andasse lá por fora a deambular. Parece-me sempre que tens alguma coisa entalada aí dentro para pôr cá fora. Basta olhar para as coisas que fazes, parece que têm sempre alguma mensagem que só tu entendes e mais ninguém percebe. Acho que devias partilhar mais, expor mais o que se passa aí dentro. Nota-se que tens muito para dar mas que não o queres fazer e é pena: para mim, para ti e para todas as outras pessoas que te querem conhecer e tu não deixas. Mostras só a capa do livro, nunca te abres, nunca viras as tuas páginas. – acrescentou ela enquanto eu continuava deitado a olhar para os contornos escuros do meu quarto e suas mensagens escondidas, ao mesmo tempo que matutava na questão que ela me tinha colocado
- Às vezes sou feliz. – respondi-lhe secamente.
- Isso é um bocado vago como o são todas as tuas respostas a perguntas dirigidas a esse teu mundo pessoal e íntimo que tu tanto prezas e defendes não deixando ninguém aproximar-se dele. Esse teu mundo de fantasia é muito bonito mas é só teu, nunca o partilhas com ninguém a não ser tu mesmo – replicou ela ligeiramente irritada.
Depois de alguns minutos de silêncio disse-lhe: - Sabes, não me considero uma pessoa especialmente feliz, pelo menos não sou daquelas que irradiam felicidade por todos os poros. Nunca fui aquela criança que corre pela casa aos gritos e aos saltos, ficava horas a brincar sozinho muito sossegado no meu quarto a fazer montanhas e grutas com os meus anoracks ou a fazer corridas de calendários de pilotos de Fórmula 1. Sempre gostei de fazer coisas sozinho, talvez seja mesmo um bocado solitário e uma pessoa melancólica e nostálgica. Desde miúdo que gosto de sonhar, imaginar e idealizar coisas que muitas vezes são impossíveis ou muito difíceis de se concretizarem logo e como consequência espeto-me uma data de vezes. Já estou habituado a esses estouros mas quando algo corre bem e como quero sou feliz, como também o sou quando acabo um desenho que gosto ou quando escrevo alguma coisa que soa bem quando a acabo de ler por mais triste que sejam as palavras lá escritas. Já me disseram várias vezes que tenho uma atracção pelo abismo, começo a achar que é verdade e talvez por isso não viva todos os dias feliz mas também não me considero um ser infeliz, longe disso, há tantas coisas que me dão alegria e não são só as coisas do meu mundo mas também deste em que vivemos eu, tu e todos os outros que tu dizes que me querem conhecer mas a quem se calhar eu não me quero apresentar. Já tinhas pensado nisso desta maneira? - contra ataquei eu.
- Não, não tinha. – respondeu ela baixo num tom doce mas levemente triste e logo acrescentou: - Tenho pena que tenhas tanta dificuldade em te abrir comigo, a te apresentares ou a mostrar-me esse teu lado escondido porque gosto muito de ti.
- Eu também gosto de ti mas há coisas que se calhar eu não quero partilhar com ninguém, ou pelo menos para já. – finalizei eu. A conversa acabou assim, tão depressa como tinha começado, adormecemos. Era verdade, eu também gostava dela mas não o suficiente para me fazer sair detrás dos arbustos e me expor. Foi a última vez que dormimos juntos e nos vimos, ela entretanto em Agosto partiu e foi viajar por esse mundo fora para longe deste rectângulo onde estamos plantados. Ainda falámos ao telefone umas vezes, ela mandou-me umas mensagens antes da sua partida às quais não respondi. Não me apetecia estar com ela nem que ela me confrontasse com as dualidades da minha vida. Tinha-me também desinteressado pelo interesse dela em mim e não queria de modo algum mostrar-lhe mais do que já tinha mostrado. Ela merecia estar com alguém que realmente quisesse abrir o seu livro, partilhá-lo, e eu estava longe de lhe conseguir proporcionar isso. Hoje de manhã quando acordei lembrei-me daquela pergunta que ela me fez na última noite que estivemos juntos. Abri os olhos como ela perguntou se eu era, olhei para a minha mesa que exibe uma pintura muito longe estar acabada e na qual não toco há uma semana, fechei o meu livro que jazia em cima dela, saí para a rua e fui viver feliz.
Tuesday, November 11, 2008
Monday, November 10, 2008
Sunday, November 09, 2008
Caos
Dá-me particular prazer o ritual quase semanal de pôr ordem no caos que é a minha mesa, seja pelo aspecto renovado com que fica após cada nova arrumação que deixa o tampo quase vazio, pelas coisas perdidas que encontro na velha desarrumação, pelas que não têm utilidade e deito fora ou pelas que não servem para nada e mesmo assim guardo. Encontro de tudo neste rectângulo de madeira de dois metros por setenta centímetros: um prato de cartão manchado de tinta ainda por secar, folhas soltas cheias de idéias perdidas, tampas de canetas que já secaram, fotografias velhas de viagens já feitas e de bons tempos passados há muito, pequenas caixas carregadas de memórias, um Buda tombado e o seu velho amigo de barba azul, paus de incenso queimados e uma caixa cheia deles por queimar, velas, caixas de fósforos, discos rígidos, uma ganza perdida, algumas moedas, revistas, livros, os meus livros de desenhos metafóricos cheios de ilusões com algumas invenções e carregados de sonhos nunca vividos, chaves e ainda uma lamela de aspirinas que nunca tomei e que insisto em guardar apesar de nunca estar doente. Há ainda toda uma parafernália de material de desenho que devolvo ao respectivo alojamento, os lápis de carvão e as canetas pretas de pontas finas e espessuras variadas na caneca da Suchard Express, os lápis de cor na caixa quadrada encarnada de cartão, no triangulo amarelo de plástico vivem os pinceis e na redonda transparente os marcadores, os lápis de cera entram para uma caixa de madeira que me lembro da vida toda e os tubos de gouache voltam para a caixa grande da Caran D´Ache “roubada” à minha irmã. No fim fica tudo arrumado no seu sitio como cada macaco fica no seu galho, mas passados poucos dias e por mais que eu arrume ou esfregue ele, o caos acaba sempre voltar. O que acho é que ele nunca chega a sair e que eu faço tanto parte dele como ele de mim. A única coisa que tenho pena é que seja só aqui dentro.
Thursday, November 06, 2008
Tuesday, November 04, 2008
Saturday, November 01, 2008
Friday, October 31, 2008
Thursday, October 30, 2008
Monday, October 27, 2008
Friday, October 24, 2008
Wednesday, October 22, 2008
Corte e costura
Ontem fui a um centro comercial, o que é um acontecimento muito raro na minha vida. Fui, não por necessidade mas com o intuito de gastar uma hora enquanto esperava que duas impressões fossem...impressas. Pensei que talvez, e devido ao facto de estar mais abonado que o normal, fosse uma boa altura para comprar algumas coisas que preciso como um par de ténis ou lâminas de barbear.
Acabei por não entrar em loja alguma, à excepção, de três livrarias onde também não comprei porra nenhuma. Não porque não costume torrar pasta em livros mas porque não achei nenhum realmente bom que me fizesse desembolsar pelo menos 40€ ( bons livros de arte são caros). A única coisa que comprei no tal shopping acabou por ser, uma vez que estava esganado de fome, um bem de primeira necessidade: uma baguette merdosa e mal cozida de pasta de atum que nem consegui acabar. Enquanto degustava a minha iguaria, empurrada por uma Coca-Cola de pressão (surpreendentemente com gás) deliciei-me com a passarelle de figuras que iam passando à minha frente: o segurança que passou três vezes com aquela ginga que só os membros de tal profissão conseguem pôr em prática. Será que lhes ensinam aqueles passos arrastados mas ao mesmo tempo confiantes e autoritários em alguma formação profissional; uma espécie de dojo de seguranças? É que os gajos andam todos da mesma maneira, se não fazem deviam fazer campeonatos daquela hipnotizante palhaçada. Vi também dois basofes de nível requintado, vestidos a la Cristiano Ronaldo. “ Foda-se, oh maior onde é que compraste esse cap de lantejoulas? É que eu quero um para mim, não para o pôr na cabeça mas para ter em casa só para me lembrar que há marmanjos como tu que usam essa merda. Ah! E essas calcinhas afuniladas e justinhas também te ficam a matar, granda pausa mano!” Do outro lado da passerelle estava o Macdonald´s, e agora um pequeno à parte: estou um bocado chateado com ele, porque das últimas vezes que lá fui a coisa não correu assim muito bem, vá-se lá saber porquê. Tenho tantas saudades do In & Out, aquilo sim eram hamburguers. Dentro dos famigerados arcos dourados havia pelo menos uma dúzia de adolescentes a lambuzarem-se com aquela comida de plástico. Para piorar ainda mais o cenário dantesco alguns deles mastigavam como muita gente mastiga pastilhas elásticas, de boca bem aberta. Vão todos ficar tão gordinhos daqui a uns anos. Observei ainda mais alguns esteriótipos da nossa espécie: o casalinho de namorados enamorado, o puto maluco do Pedro Nunes de capacete na mão que anda por aí a rasgar de DT-LC (classics never die), a mãe nas compras com o filhote, que já não é assim tão filhote como isso mas antes um matacão com um ar de quem já tem filhos na tropa, a pseudo executiva que se acha um canhão mas tem uma bilha daqui ao Barreiro, onde vivem as duas. A executiva e a bilha.
É mais que òbvio que depois de tanto cortar na casaca o feitiço se virou contra o feiticeiro. Quando descia as escadas rolantes cruzei-me com um antigo arqui-rival dos tempo de liceu. Não trocámos palavras, apenas um leve aceno de cabeça do tipo “Tá-se bem, nunca fomos muito à bola um com o outro mas até somos uns gajos educados”. Obviamente, também tive que tirar a pinta aquela figura: fatinho e gravatinha de boa marca e telemóvel topo de gama, daqueles que até barómetro têm e que provavelmente vai actualizando o índice Dow Jones a cada segundo que passa, ou nos tempos que correm, a cada segundo que crasha. Deve estar bem na vida de certeza, com, não pelo menos, mas pelo mais uns dez quilos em cima e tão ou mais branco como a cal da parede. Uma coisa é certa o gajo também me tirou a pinta de certeza. Ora então vamos lá, analisar este cromo, afinal é essa a razão deste texto, não estou para aqui a destruir o mundinho dos outros só por maldade. “Olha aquele marmanjo que andava no Rainha, bem precisa de um corte de cabelo e com aquele bronze ou anda a arrumar carros ou passa vida na praia. E sempre de headphones, será que ainda anda de walkman? Não me parece que tenha dinheiro para comprar um Ipod, com alguma sorte tem um discman. Olha para aquilo, t-shirt e jeans, há realmente tipos que não crescem.” Para minha grande sorte vinha de barba feita e por nos termos cruzado nas escadas rolantes também não conseguiu vislumbrar as minhas botas All Star pretas, todas rotas e nos últimos suspiros de uma vida de folia, que foram compradas no Ebay a um gajo qualquer na Tailândia por vinte dólares mais portes. Por acaso já vou no terceiro Ipod e se quisesse podia comprar mais uma catrefada deles, mas não gosto de gastar dinheiro em coisas que realmente não preciso. Quilos a mais também nem vê-los, vou-me mantendo nos sessenta e seis, mais quilo menos quilo o mesmo peso que tinha quando me baldava às aulas de Português da stôra Otília, essa cabra de primeira apanha. Não arrumo carros, à excepção do meu, mas sim, vou muito à praia. O que tem piada é que a única que realmente tive vontade de comprar naquele shopping está relacionado com esse meu velho hábito de vagabundear pelas praias e foi a primeira que coisa que vi quando entrei naquela montanha russa de lojas. Na televisão de uma loja em que não entrei mas que vendia ténis, vi uma onda perfeita algures na Indonésia.
Saí daquela gruta de consumismo com a certeza que não mudei muito desde os meus tempos de liceu (não sei se é bom ou mau) mas que estou contente com a minha vida e como a vivo, que não há dinheiro no mundo que pague a liberdade que é podermos passar uma hora de uma tarde de um dia de semana a observar seres igualmente estranhos num centro comercial, pegar no carro e ir passar dois dias na campo e na praia ou estar o dia todo em casa a rabiscar com uma caneta e a colar fósforos num papel. Mas, e isso é muito importante, também trabalho que nem um filho da puta quando tem que ser. Quando finalmente escapei daquele buraco vinha ligeiramente mais iluminado, agradecido por ter a vida que tenho e convicto que o meu dinheirinho só o vou gastar em coisas estritamente necessárias como ir perder-me durante uns meses no Sudeste Asiático no ano que vem ou ir desmontar um sashimi de salmão no próximo fim de semana. Segundo reza a lenda, a vida são dois dias por isso o melhor é eu despachar-me. Já gastei uma tarde num shopping center.
p.s. Peço desculpa e agradeço aos lesados neste texto, arqui-rival incluído. Não tenho nada contra vocês, antes pelo contrário. Eu queria mesmo era falar sobre mim.
Acabei por não entrar em loja alguma, à excepção, de três livrarias onde também não comprei porra nenhuma. Não porque não costume torrar pasta em livros mas porque não achei nenhum realmente bom que me fizesse desembolsar pelo menos 40€ ( bons livros de arte são caros). A única coisa que comprei no tal shopping acabou por ser, uma vez que estava esganado de fome, um bem de primeira necessidade: uma baguette merdosa e mal cozida de pasta de atum que nem consegui acabar. Enquanto degustava a minha iguaria, empurrada por uma Coca-Cola de pressão (surpreendentemente com gás) deliciei-me com a passarelle de figuras que iam passando à minha frente: o segurança que passou três vezes com aquela ginga que só os membros de tal profissão conseguem pôr em prática. Será que lhes ensinam aqueles passos arrastados mas ao mesmo tempo confiantes e autoritários em alguma formação profissional; uma espécie de dojo de seguranças? É que os gajos andam todos da mesma maneira, se não fazem deviam fazer campeonatos daquela hipnotizante palhaçada. Vi também dois basofes de nível requintado, vestidos a la Cristiano Ronaldo. “ Foda-se, oh maior onde é que compraste esse cap de lantejoulas? É que eu quero um para mim, não para o pôr na cabeça mas para ter em casa só para me lembrar que há marmanjos como tu que usam essa merda. Ah! E essas calcinhas afuniladas e justinhas também te ficam a matar, granda pausa mano!” Do outro lado da passerelle estava o Macdonald´s, e agora um pequeno à parte: estou um bocado chateado com ele, porque das últimas vezes que lá fui a coisa não correu assim muito bem, vá-se lá saber porquê. Tenho tantas saudades do In & Out, aquilo sim eram hamburguers. Dentro dos famigerados arcos dourados havia pelo menos uma dúzia de adolescentes a lambuzarem-se com aquela comida de plástico. Para piorar ainda mais o cenário dantesco alguns deles mastigavam como muita gente mastiga pastilhas elásticas, de boca bem aberta. Vão todos ficar tão gordinhos daqui a uns anos. Observei ainda mais alguns esteriótipos da nossa espécie: o casalinho de namorados enamorado, o puto maluco do Pedro Nunes de capacete na mão que anda por aí a rasgar de DT-LC (classics never die), a mãe nas compras com o filhote, que já não é assim tão filhote como isso mas antes um matacão com um ar de quem já tem filhos na tropa, a pseudo executiva que se acha um canhão mas tem uma bilha daqui ao Barreiro, onde vivem as duas. A executiva e a bilha.
É mais que òbvio que depois de tanto cortar na casaca o feitiço se virou contra o feiticeiro. Quando descia as escadas rolantes cruzei-me com um antigo arqui-rival dos tempo de liceu. Não trocámos palavras, apenas um leve aceno de cabeça do tipo “Tá-se bem, nunca fomos muito à bola um com o outro mas até somos uns gajos educados”. Obviamente, também tive que tirar a pinta aquela figura: fatinho e gravatinha de boa marca e telemóvel topo de gama, daqueles que até barómetro têm e que provavelmente vai actualizando o índice Dow Jones a cada segundo que passa, ou nos tempos que correm, a cada segundo que crasha. Deve estar bem na vida de certeza, com, não pelo menos, mas pelo mais uns dez quilos em cima e tão ou mais branco como a cal da parede. Uma coisa é certa o gajo também me tirou a pinta de certeza. Ora então vamos lá, analisar este cromo, afinal é essa a razão deste texto, não estou para aqui a destruir o mundinho dos outros só por maldade. “Olha aquele marmanjo que andava no Rainha, bem precisa de um corte de cabelo e com aquele bronze ou anda a arrumar carros ou passa vida na praia. E sempre de headphones, será que ainda anda de walkman? Não me parece que tenha dinheiro para comprar um Ipod, com alguma sorte tem um discman. Olha para aquilo, t-shirt e jeans, há realmente tipos que não crescem.” Para minha grande sorte vinha de barba feita e por nos termos cruzado nas escadas rolantes também não conseguiu vislumbrar as minhas botas All Star pretas, todas rotas e nos últimos suspiros de uma vida de folia, que foram compradas no Ebay a um gajo qualquer na Tailândia por vinte dólares mais portes. Por acaso já vou no terceiro Ipod e se quisesse podia comprar mais uma catrefada deles, mas não gosto de gastar dinheiro em coisas que realmente não preciso. Quilos a mais também nem vê-los, vou-me mantendo nos sessenta e seis, mais quilo menos quilo o mesmo peso que tinha quando me baldava às aulas de Português da stôra Otília, essa cabra de primeira apanha. Não arrumo carros, à excepção do meu, mas sim, vou muito à praia. O que tem piada é que a única que realmente tive vontade de comprar naquele shopping está relacionado com esse meu velho hábito de vagabundear pelas praias e foi a primeira que coisa que vi quando entrei naquela montanha russa de lojas. Na televisão de uma loja em que não entrei mas que vendia ténis, vi uma onda perfeita algures na Indonésia.
Saí daquela gruta de consumismo com a certeza que não mudei muito desde os meus tempos de liceu (não sei se é bom ou mau) mas que estou contente com a minha vida e como a vivo, que não há dinheiro no mundo que pague a liberdade que é podermos passar uma hora de uma tarde de um dia de semana a observar seres igualmente estranhos num centro comercial, pegar no carro e ir passar dois dias na campo e na praia ou estar o dia todo em casa a rabiscar com uma caneta e a colar fósforos num papel. Mas, e isso é muito importante, também trabalho que nem um filho da puta quando tem que ser. Quando finalmente escapei daquele buraco vinha ligeiramente mais iluminado, agradecido por ter a vida que tenho e convicto que o meu dinheirinho só o vou gastar em coisas estritamente necessárias como ir perder-me durante uns meses no Sudeste Asiático no ano que vem ou ir desmontar um sashimi de salmão no próximo fim de semana. Segundo reza a lenda, a vida são dois dias por isso o melhor é eu despachar-me. Já gastei uma tarde num shopping center.
p.s. Peço desculpa e agradeço aos lesados neste texto, arqui-rival incluído. Não tenho nada contra vocês, antes pelo contrário. Eu queria mesmo era falar sobre mim.
Monday, October 20, 2008
Sunday, October 19, 2008
Saturday, October 18, 2008
Friday, October 17, 2008
Wednesday, October 15, 2008
Monday, October 13, 2008
Friday, October 10, 2008
Kryptonite
Às vezes gostava de não ter super-poderes. Gostava de não me ter perdido na imensidão da minha imaginação, de não me sentir afectado pelo que vejo dos outros quando para eles olho. Queria conseguir nada escrever, nada contar, nada sentir à excepção do vazio que me preencheria a alma e que a percorreria. Gostava de não ter sentimentos para exprimir nem para partilhar com todos que não conheço nesta velha cidade pejada de vilões, cheia de vícios, corroída e carregada de palavras que nunca foram ditas e muito menos trocadas nesta encruzilhada de realidades reais e paralelas, despidas de qualquer sentido e que só nós, super-heróis entendemos.
Thursday, October 09, 2008
This is not a suicide letter.
Aqui deito-me mais cedo do que quando estou em Lisboa, não me deixo perder nem perco horas à espera que algo aconteça, não perpetuo nem estico o serão, quando o sono chega deito-me. Aqui os horários não são ditados pelos ponteiros do relógio mas pela tabela das marés e pelas horas mortas de vento. Acordo cedo. Quando aqui ¬ estou tenho o hábito de tomar o pequeno-almoço numa mesa de pedra com vista lá para fora. Depois de bebido o café saio de casa e vou ver o que é que a praia anda a fazer. Umas vezes fico logo na primeira que vejo, noutras faço mais de uma hora de viagem e muitas vezes, como quem atravessa a mesma rua todos os dias, passo do Alentejo para o Algarve. Passo por casa de amigos a ver se anda por lá alguém e acabo por ficar para o almoço, para uma conversa e mais um copo de tinto. Despeço-me e guio mais um bocado até outra praia, mais pequena, melhor protegida do vento e sobretudo escondida de tudo e de todos. Lá, encontro-me com outros amigos, deixamo-nos ficar, dormimos por lá duas noites e esprememos até à ùltima os raios de Sol, ainda quentes, de principio de Outubro. Dias, pasme-se, sem vento com o mar sem qualquer textura e água transparente. Aqui, rio-me quando ouço nos informativos de trânsito que os acessos à ponte estão preenchidos ou que a Segunda Circular está entupida da saída do Eixo Norte-Sul até ao Campo Grande. Por aqui não há nada disso, talvez um ou outro mata-velhos mais vagaroso ou um camião carregado de cortiça na subida depois de Odeceixe. Volto a casa e vejo as notícias; que se perderam 101 mil milhões de euros em apenas um dia na Bolsa de Lisboa e que o mundo vai, aos poucos, abrindo falência. Aqui nada disso faz muito sentido, assim como não deve fazer sentido este texto que comecei a escrever à quase uma semana e que não sei como acabar. É que afinal de contas está tudo mesma. Amanhã vou para aí, seja lá onde isso for.
Friday, October 03, 2008
Lots of sugar and...a fat check.
Chocolate cake, chocolate sponge, chocolate and banana cake, chocolate and mango cake, various chocolate muffins, white chocolate tart, merengue tart, coconut and lemon tart, apple tart, pear and vanilla crumble, watermelon-melon-pineapple crumble, pana cotta, butter cookies, scones, coconut mousse, mango mousse, raspberry mousse, chocolat petit gateaux, various cheesecake, wallnuts cake, almond cake, yoghurt cake, chocolate truffles, brigadeiros, carrot and olive oil cake, condensed milk mousse, chocolate and wallnuts cake and raspberry tart.
September was this: sleep deprivation and baking deserts for 15000.
Pulled it off, somehow.
September was this: sleep deprivation and baking deserts for 15000.
Pulled it off, somehow.
Thursday, October 02, 2008
Wednesday, October 01, 2008
Tuesday, September 30, 2008
Monday, September 22, 2008
Prelude
Tomorrow I start another “horrific” working week on an ugly coastal town. Right now, that doesn´t seem too important and still is very far away as I´m seating on this stone kitchen table on this big empty house in the country side having breakfast by myself. While the bread toasts and the coffee grinds I listen mellow melodies that perfectly blend with the gray colors outside. I´m reading the morning newspaper and trying to slowly sail the internet with a 56k modem. Today feels like Sunday and yesterday felt like a Saturday, two days doing nothing work related reminded me what the true meaning of pure relaxation, rest and above all, freedom. Fall arrived today, but September is still here, still alive, still breathing even tough is slowly losing its strenght, Summer colors and warmness. I´m still seating on that stone kitchen table but now my coffeee mug is empty and the cigarrette I was smoking along with the coffee also got to an end. As I glance out the window again I start to see the sky´s blue overlapping the clouds gray and calling me to go outside and play. After all, I still have today to enjoy being a kid and to taste life at her full essence. October will be all about that but until it gets here I might as well enjoy this Monday tasting like a Sunday the best I can.
Monday, September 15, 2008
The pastry chef has a break...
Been baking cakes and deserts like a maniac since last Monday with little time to sleep, away from home and working like a dog.
Life is nice tough.
Going back to the factory now, need to make a couple of kilos of chocolate truffles. I´ll be back in October.
Life is nice tough.
Going back to the factory now, need to make a couple of kilos of chocolate truffles. I´ll be back in October.
Saturday, September 06, 2008
The Meeting Place
Friday, September 05, 2008
Harsh Reality
Fell in love with your sky the first time I laid my eye
While drifting inside this world of mine
Stuck in between, what is life and what is dream
Never talked, never touched that sky I need so much
I´m trying to amend this eternal trend
That´s been blinded by pride in a tumultuous shrine
My fingers are burning and in a mess I´ve been turning
While I pray everything surrounding me turns dark and grey
The falling rain screams like a roaring coal train
All I wanted was to stay away from the norm of today
Ended up in a capsule of my own freaky nature
In my silent trap like a fucking rat
Wishing for a spark to bring light to the dark
While drifting inside this world of mine
Stuck in between, what is life and what is dream
Never talked, never touched that sky I need so much
I´m trying to amend this eternal trend
That´s been blinded by pride in a tumultuous shrine
My fingers are burning and in a mess I´ve been turning
While I pray everything surrounding me turns dark and grey
The falling rain screams like a roaring coal train
All I wanted was to stay away from the norm of today
Ended up in a capsule of my own freaky nature
In my silent trap like a fucking rat
Wishing for a spark to bring light to the dark
Tuesday, September 02, 2008
UB40 "Signing Off"
UB40´s first, by far their best work hás nothing to with crappyl covers like “Red Red Wine”. This early 80´s release has as highlights “Tyler”,”Strange Fruit”, “I Think It´s Going To Rain Today” and “King” but there are no bad or weak songs on this one. Drifty, melodic and spacey compostions with strong polytical lyrics.
A special piece of music that´s not afraid of getting older and one of my favorite albums of all time. It´s so good I even bought it twice.
A special piece of music that´s not afraid of getting older and one of my favorite albums of all time. It´s so good I even bought it twice.
Wednesday, August 27, 2008
Tuesday, August 26, 2008
My life in BD ( Vol.7 )
It´s been a week since I lost a golden key
Since then,
I´ve been trapped inside my blind mind
Searching outside for a line
To bring back what I miss to my side
Certain that,
Not all the mistakes came from my side of town
Not all the efforts came solely from my crown
It´s time to end this heavy twisting frown
Need to find that key and go out for a tea
Since then,
I´ve been trapped inside my blind mind
Searching outside for a line
To bring back what I miss to my side
Certain that,
Not all the mistakes came from my side of town
Not all the efforts came solely from my crown
It´s time to end this heavy twisting frown
Need to find that key and go out for a tea
Friday, August 22, 2008
Lost my dancing star
Just do it...
You have your way. I have my way. As for the right way, the correct way, and the only way, it does not exist.
Friedrich Nietzsche
Friedrich Nietzsche
Thursday, August 21, 2008
Insomnia
All this inventiveness to come all this way and when its time to start dreaming; I choke.
For fuck sake...
For fuck sake...
Wednesday, August 20, 2008
Tuesday, August 19, 2008
Reality Check
After two weeks of living with hippies and freaks ( and being one of them), sleeping in tents, being a vegetarian, building water structures, teaching people how to slackline and riding it myself, dancing, swimming and playing around with 27ooo other kids in a psychedelic world. The first thing I do when I get back to reality is: eating a Super Menu Double Cheese at the Macdonald's.
No pickles please.
No pickles please.
Tuesday, August 05, 2008
Lisbon (late night remix)
Monday, August 04, 2008
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