Wednesday, December 30, 2015

Heroin

“It is the one true love of your life. She’s always there to make you feel better, she’s always there to help you through a shitty day, she’s always there to perk you up, and she never complains. This beautiful, dark, mysterious, woman that lives on the squares of foil that litter your apartment understands you in a way that no real woman ever will. You hate her for it but you love her more.
Every bad feeling you have, every bit of pain, it isn’t erased by her but you just stop caring about anything else. That’s what she does for your brain, she lets you ignore the world and just live in bliss.” Michael Kocher

Please, don´t take it the wrong way but this made perfect sense to me.  *


Monday, December 21, 2015

Falar nas entrelinhas

Eu hoje não falei. Não projectei som algum. Pensei, pensei, pensei.  Lembrei-me de um vestido amarelo que tinhas, de olás dados em varandas, do que escrevias, de quando nos ríamos, das choradeiras, das nossas músicas, dos nossos filmes, da facilidade com que nos pegávamos, daqueles desenhos todos que me levaste a fazer e que a última vez que te vi eras pirata. Lembrei-me de quando nos cruzávamos todos os dias há hora do almoço, da quantidade de vezes que tudo podia ter mudado, das tantas oportunidades que tive, que tivemos, para tentar perceber o que realmente é isto. Pelo menos para falarmos. Ou estarmos apenas em silêncio. Quando o podia ter feito tive um comportamento inqualificável. Imperdoável. Peguei fogo a tudo e virei as costas. Fiz-te mal. Mal que não merecias. Ninguém, principalmente uma mulher, merece ser tratada assim. E ainda fui mais cabrão na noite desse mesmo dia. Passam os anos e eu continuo sem me conseguir perdoar. Continuamos aqui, teimosamente, à espera que a sorte nos cruze outra vez, à espera da redenção. Ou então à espera que encontremos alguém que faça mudar tudo, que nos faça esquecer de quem somos. Essa pessoa que teima em não aparecer, que eu acho que não existe.

 Há coisas que o tempo, por mais que este insista não consegue apagar. Pelo menos o meu (tempo) não consegue. Estou cansado de olhar para ti através de janelas. Insistimos em fazê-lo porque é só isso que temos e que conhecemos. Porque é um bocadinho do que podia ser muito. Porque às vezes é bom. Mas que é tão pouco, tão insuficiente. Merecemos mais. Merecemos muito melhor.

Tenho medo, porque nada muda aqui dentro. Está sempre aqui, todos os dias. Há tantos anos. Estou cansado e vou perdendo a força, a esperança enquanto vivo com o teu fantasma. Com esta minha doença. Quero mudar isto, quero viver, quero olhar olhos nos olhos. Quero falar, chorar, rir, dar cambalhotas . Quero ser feliz. Quero conhecer-te. Saber se és.  Se eu sou. Vamos mudar o que tem que ser mudado porque senão morremos sem sairmos desta caixa. Eu começo assim e hoje não falei.

boa noite