Friday, November 28, 2008

Thursday, November 27, 2008

UPS

-UPS bom dia! (voz feminina)
-Bom dia. Queria enviar um volume para a zona de Sintra, só há um pequeno problema, é muito frágil. É uma moldura em caixa tem que se muito bem embalada porque tenho medo que se parta. Vocês têm caixas de cartão e aquelas bolinhas de plástico para acondicionar bem a mercadoria?
-Temos sim.
-Posso então passar aí para a enviar?
-Pode sim, mas não se esqueça que tem que enviar antes das seis da tarde para que a encomenda siga ainda hoje.
-Não há problema, agora são quase meio-dia, vou sair de casa assim que desligar. Obrigado e até já.
-De nada. Até já!

E lá fui eu, rumo ao Prior-Velho, ainda deu umas quantas voltas à pista porque não dava com a merda da rua, mas cheguei lá por volta da uma.

-Boa tarde, quero enviar isto.

Agora era um gajo que me estava a atender e com cara de quem tinha sido mal acordado.

-Boa tarde. Hmmmm... Não sei, isso tem um ar muito frágil, não temos nada para fazer o transporte nas devidas condições.
Mas eu telefonei para cá há meia hora, falei com uma colega sua que me disse que tinham maneira de proteger devidamente a moldura. Não têm caixas de cartão nem plástico às bolinhas?
-Não temos nada disso, só temos estes sacos.
-Sabe, vivi cinco anos fora e no pais onde vivia lembro-me de ver publicidade vossa em que diziam que até crocodilos transportavam e agora você está a dizer-me que não asseguram o transporte em segurança de uma merda de uma moldura? Acho ridículo e ainda para mais dão informações erradas às pessoas. Deixe estar eu próprio a vou entregar. Obrigado por me terem feito atravessar a cidade toda e ainda por cima na direcção contrária para onde era suposto.

E lá fui eu...

Tuesday, November 25, 2008

Sunday, November 23, 2008

Questions on my head

Where do we go from here?
Are we actually going somewhere?
Is there life outside this box?

... and I mean as humans not avatars.


Thursday, November 20, 2008

Musical Charade

Aqui vai a resposta ao desafio lançado pela Lato Nero, responder a 10 perguntas sobre a minha pessoa usando nomes de músicas de uma só banda. Escolhi uma das minhas bandas preferidas desde o liceu, os Pixies.

1) És homem ou mulher? Mr. Grieves

2) Descreve-te: Where Is My Mind

3) O que as pessoas acham de ti? Blown Away

4) Como descreves o teu último relacionamento: Make Believe

5) Descreve o estado actual da tua relação: Is She Weird

6) Onde querias estar agora? Planet Of Sound

7) O que pensas a respeito do amor? Levitate Me

8) Como é a tua vida? Dig For Fire

9) O que pedirias se pudesses ter só um desejo? The Happening

10) Escreve uma frase sábia: I´ve Been Waiting For You

A foto que escolho (tb faz parte do desafio)é a do post abaixo. Sou mesmo eu e para além disso é bastante representativa da minha pessoa. Sorte, porque senão punha a da minha carta de condução que é de fugir.

In the meantime, back at the circus...

Tuesday, November 18, 2008

Brasil

(2001)

Páginas

- És feliz? - perguntou-me ela no último mês de Julho enquanto estávamos deitados na minha cama e a dividíamos pela terceira vez. Fiquei calado, a pensar na resposta aquela pergunta que já tinha feito a mim mesmo milhares de vezes durante esta minha existência e para qual nunca tinha conseguido obter qualquer resposta, nem mesmo uma incompleta.
- Parece que estás sempre noutra, às vezes acho que é só o teu corpo que aqui está comigo, é como se a tua alma andasse lá por fora a deambular. Parece-me sempre que tens alguma coisa entalada aí dentro para pôr cá fora. Basta olhar para as coisas que fazes, parece que têm sempre alguma mensagem que só tu entendes e mais ninguém percebe. Acho que devias partilhar mais, expor mais o que se passa aí dentro. Nota-se que tens muito para dar mas que não o queres fazer e é pena: para mim, para ti e para todas as outras pessoas que te querem conhecer e tu não deixas. Mostras só a capa do livro, nunca te abres, nunca viras as tuas páginas. – acrescentou ela enquanto eu continuava deitado a olhar para os contornos escuros do meu quarto e suas mensagens escondidas, ao mesmo tempo que matutava na questão que ela me tinha colocado
- Às vezes sou feliz. – respondi-lhe secamente.
- Isso é um bocado vago como o são todas as tuas respostas a perguntas dirigidas a esse teu mundo pessoal e íntimo que tu tanto prezas e defendes não deixando ninguém aproximar-se dele. Esse teu mundo de fantasia é muito bonito mas é só teu, nunca o partilhas com ninguém a não ser tu mesmo – replicou ela ligeiramente irritada.
Depois de alguns minutos de silêncio disse-lhe: - Sabes, não me considero uma pessoa especialmente feliz, pelo menos não sou daquelas que irradiam felicidade por todos os poros. Nunca fui aquela criança que corre pela casa aos gritos e aos saltos, ficava horas a brincar sozinho muito sossegado no meu quarto a fazer montanhas e grutas com os meus anoracks ou a fazer corridas de calendários de pilotos de Fórmula 1. Sempre gostei de fazer coisas sozinho, talvez seja mesmo um bocado solitário e uma pessoa melancólica e nostálgica. Desde miúdo que gosto de sonhar, imaginar e idealizar coisas que muitas vezes são impossíveis ou muito difíceis de se concretizarem logo e como consequência espeto-me uma data de vezes. Já estou habituado a esses estouros mas quando algo corre bem e como quero sou feliz, como também o sou quando acabo um desenho que gosto ou quando escrevo alguma coisa que soa bem quando a acabo de ler por mais triste que sejam as palavras lá escritas. Já me disseram várias vezes que tenho uma atracção pelo abismo, começo a achar que é verdade e talvez por isso não viva todos os dias feliz mas também não me considero um ser infeliz, longe disso, há tantas coisas que me dão alegria e não são só as coisas do meu mundo mas também deste em que vivemos eu, tu e todos os outros que tu dizes que me querem conhecer mas a quem se calhar eu não me quero apresentar. Já tinhas pensado nisso desta maneira? - contra ataquei eu.
- Não, não tinha. – respondeu ela baixo num tom doce mas levemente triste e logo acrescentou: - Tenho pena que tenhas tanta dificuldade em te abrir comigo, a te apresentares ou a mostrar-me esse teu lado escondido porque gosto muito de ti.
- Eu também gosto de ti mas há coisas que se calhar eu não quero partilhar com ninguém, ou pelo menos para já. – finalizei eu. A conversa acabou assim, tão depressa como tinha começado, adormecemos. Era verdade, eu também gostava dela mas não o suficiente para me fazer sair detrás dos arbustos e me expor. Foi a última vez que dormimos juntos e nos vimos, ela entretanto em Agosto partiu e foi viajar por esse mundo fora para longe deste rectângulo onde estamos plantados. Ainda falámos ao telefone umas vezes, ela mandou-me umas mensagens antes da sua partida às quais não respondi. Não me apetecia estar com ela nem que ela me confrontasse com as dualidades da minha vida. Tinha-me também desinteressado pelo interesse dela em mim e não queria de modo algum mostrar-lhe mais do que já tinha mostrado. Ela merecia estar com alguém que realmente quisesse abrir o seu livro, partilhá-lo, e eu estava longe de lhe conseguir proporcionar isso. Hoje de manhã quando acordei lembrei-me daquela pergunta que ela me fez na última noite que estivemos juntos. Abri os olhos como ela perguntou se eu era, olhei para a minha mesa que exibe uma pintura muito longe estar acabada e na qual não toco há uma semana, fechei o meu livro que jazia em cima dela, saí para a rua e fui viver feliz.

Tuesday, November 11, 2008

Painting Chaos...

... and waiting for sounds.

Monday, November 10, 2008

Sunday, November 09, 2008

Caos

Dá-me particular prazer o ritual quase semanal de pôr ordem no caos que é a minha mesa, seja pelo aspecto renovado com que fica após cada nova arrumação que deixa o tampo quase vazio, pelas coisas perdidas que encontro na velha desarrumação, pelas que não têm utilidade e deito fora ou pelas que não servem para nada e mesmo assim guardo. Encontro de tudo neste rectângulo de madeira de dois metros por setenta centímetros: um prato de cartão manchado de tinta ainda por secar, folhas soltas cheias de idéias perdidas, tampas de canetas que já secaram, fotografias velhas de viagens já feitas e de bons tempos passados há muito, pequenas caixas carregadas de memórias, um Buda tombado e o seu velho amigo de barba azul, paus de incenso queimados e uma caixa cheia deles por queimar, velas, caixas de fósforos, discos rígidos, uma ganza perdida, algumas moedas, revistas, livros, os meus livros de desenhos metafóricos cheios de ilusões com algumas invenções e carregados de sonhos nunca vividos, chaves e ainda uma lamela de aspirinas que nunca tomei e que insisto em guardar apesar de nunca estar doente. Há ainda toda uma parafernália de material de desenho que devolvo ao respectivo alojamento, os lápis de carvão e as canetas pretas de pontas finas e espessuras variadas na caneca da Suchard Express, os lápis de cor na caixa quadrada encarnada de cartão, no triangulo amarelo de plástico vivem os pinceis e na redonda transparente os marcadores, os lápis de cera entram para uma caixa de madeira que me lembro da vida toda e os tubos de gouache voltam para a caixa grande da Caran D´Ache “roubada” à minha irmã. No fim fica tudo arrumado no seu sitio como cada macaco fica no seu galho, mas passados poucos dias e por mais que eu arrume ou esfregue ele, o caos acaba sempre voltar. O que acho é que ele nunca chega a sair e que eu faço tanto parte dele como ele de mim. A única coisa que tenho pena é que seja só aqui dentro.

Thursday, November 06, 2008

Tuesday, November 04, 2008